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Por que sentimos aquele vazio interior, mesmo tendo o mundo em nossas mãos?

porque sentimos vazio interior
porque sentimos vazio interior

Nos dias de hoje, em meio a uma sociedade acelerada, hiperconectada e marcada pela competição constante, a busca por reconhecimento, sucesso e por um sentido para a vida, ainda ecoa a mesma necessidade que o grande filósofo e teólogo da Igreja primitiva, Agostinho de Hipona (354 d.C a 430 d.C), popularmente conhecido como Santo Agostinho, já identificava a séculos atrás: a alma humana anseia por um reencontro com Deus. E embora muitos tentem silenciar esse anseio com distrações, consumismo, status ou produtividade, no silêncio da consciência, o vazio permanece. O homem moderno, assim como o antigo, continua a buscar descanso — não apenas físico, mas existencial.

Karl Barth: “O homem é aquele a quem Deus fala

Para o teólogo protestante Karl Barth, o ser humano é mais do que criatura: é aquele com quem Deus deseja dialogar. É o ser a quem Deus se revela, chama e escuta. Isso significa que, mesmo em nossa fragilidade e limitação, somos capazes de ouvir a voz de Deus e de responder a esse chamado.

No mundo atual, onde tantas vozes competem por nossa atenção — redes sociais, opiniões, pressões externas, informações em excesso — lembrar que somos seres chamados à escuta é essencial. Silenciar-se para ouvir a voz que nos chama pelo nome é um ato revolucionário. Deus ainda fala, mas é preciso cultivar o silêncio interior para escutá-lo.

C.S. Lewis: “Você não é um corpo com alma, mas uma alma com corpo”

C.S. Lewis nos convida a reverter a perspectiva. Em vez de centrarmos nossa identidade naquilo que é visível e passageiro, ele nos lembra de que somos eternos. O corpo envelhece, se fragiliza e morre, mas a alma permanece. A verdadeira essência do ser humano está na alma, e é ela que precisa ser nutrida, iluminada e conduzida ao seu destino derradeiro: a comunhão com Deus. Afinal de contas, é na alma que reside o nosso intelecto e as nossas emoções.

Diante disso, é urgente questionar o ritmo frenético em que temos vivido. Quantos de nós estamos correndo para lugar algum? Vivendo dias apressados, sem saborear o presente, sem cultivar o que é eterno. Lewis nos alerta: não fomos feitos para este mundo apenas. Nossa cidadania é celestial.

Santo Agostinho: “Fizeste-nos para Ti, Senhor”

Para Santo Agostinho, o ser humano carrega dentro de si um anseio profundo e inexplicável. Em sua obra Confissões, ele escreveu: “Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Ti”. Esta inquietude da alma humana, segundo Agostinho, é fruto da distância entre a criatura e seu Criador, causada pela queda.

Tomás de Aquino: “O homem é um composto de corpo e alma”

Tomás de Aquino, expoente da escolástica medieval, afirmou que o ser humano é uma unidade substancial de corpo e alma. Não somos apenas matéria, nem apenas espírito: somos um todo integrado. Ele defendia que a razão humana, mesmo afetada pelo pecado original, ainda é capaz de buscar a verdade, o bem e a beleza.

Hoje, vivemos uma dicotomia perigosa. Ora se valoriza apenas o corpo, em uma cultura da imagem, da estética e do prazer imediato; ora se desconsidera o corpo em nome de uma espiritualidade etérea, desconectada da realidade concreta. O ensinamento de Aquino nos lembra da importância do cuidado integral: cuidar do corpo, da mente e da alma como expressão da dignidade humana. No cotidiano, isso se traduz em escolhas equilibradas: alimentação consciente, exercícios, descanso, oracão, equilíbrio emocional, estudo e relações saudáveis.

A unidade na multiplicidade de uma existência plena

Não somos apenas corpo. Não somos só mente. Somos uma teia complexa, entrelaçada, em que o físico, o mental, o emocional e o espiritual se influenciam mutuamente. A integridade do ser humano está justamente na articulação dessas dimensões. Como afirmou Carl Jung, “o ser humano não se cura apenas ao tornar o inconsciente consciente, mas ao encontrar um significado para sua vida”, ou seja, o ser humano só encontra o verdadeiro sentindo da sua existência, quando vive a sua verdadeira identidade (propósito), e não a identidade que o mundo lhe deu.

A alma humana é inquieta porque sabe, no fundo, que não pertence ao barulho deste mundo, mas ao silêncio de Deus.

Os desafios do homem (mulher) cotidiano

Em um mundo dominado por agendas lotadas, metas inalcançáveis e uma constante pressão por performance, o que significa ser humano? Como manter viva a chama do espírito, da consciência, do amor, da fé?

A resposta está na revisão profunda de nossos valores. Vivemos para acumular ou para partilhar? Para competir ou para amar? A tradição teológica cristã nos aponta um caminho de retorno à origem: fomos criados por Deus, carregamos sua imagem, caímos em pecado, mas fomos redimidos. E agora somos chamados à reconciliação plena.

Reconciliação com nosso corpo: aprendendo a respeitá-lo, ouvi-lo, curá-lo.

Reconciliação com nossas emoções: dando nome à dor, compreendendo os medos, integrando experiências.

Reconciliação com nossa mente: educando o pensamento, fortalecendo a razão, aprendendo continuamente.

Reconciliação com o espírito: cultivando a fé, a esperança e o amor.

Conclusão: Um caminho de volta para casa

Como disse Santo Agostinho, nossa alma só descansa em Deus. Esse descanso não é inércia, é plenitude. É paz que excede o entendimento. É reencontro com a nossa origem e destino.

Precisamos parar. Precisamos ouvir. Precisamos voltar a ser humanos. Porque, no fim das contas, tudo que restará serão os gestos de amor, as palavras de acolhimento, os olhares sinceros, os momentos de silêncio, a coragem de perdoar e de continuar.

Reflexão final – Você escolhe ser cheio(a) ou vazio(a)

E você? Quando foi a última vez que olhou para dentro de si e ouviu a voz de Deus? E sentiu que sua alma precisava de descanso, e entendeu que ser humano, muito mais do que fazer … é ser!

Talvez hoje seja o dia de parar… de respirar… de recomeçar…

Talvez hoje seja o dia, de se esvaziar do vazio, e de voltar para casa…

Cheio(a) da plenitude e do poder de Deus!

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S. Jales
S. Jaleshttp://www.ultimatrincheira.com
Eu Sandro Jales, te ajudo a lhe dar com as suas emoções. | Pós-graduação - Neurociência (Hipnoterapia), Comunicação e Desenvolvimento Humano | Teologia Bacharelado | Administração Bacharelado.
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